Apesar da insatisfação popular e da grande mobilização nacional contra a corrupção, as fraudes, propinas, mensalões, mensalinhos e compra de votos continuam sendo práticas corriqueiras de muitos políticos.
Mato Grosso do Sul amanheceu na quarta (21) perplexo com a gravação em que um vereador de Bela Vista, em conversa com um servidor publico, revelou a existência de um esquema de benefícios financeiros ilegais para que o prefeito tivesse maioria na Câmara Municipal.
Ontem (22), mais um caso semelhante chegou ao conhecimento da população, primeiro por meio de programas do horário político e de mídias sociais, envolvendo o candidato do PMDB à Prefeitura de Ribas do Rio Pardo e atual vice-prefeito, Paulo Tucura (PMDB). Numa conversa com um eleitor riopardense, Tucura tenta conquistar seu apoio mediante vantagens supostamente proporcionadas por verbas de origem duvidosa.
O interlocutor de Tucura gravou a conversa sem que ele soubesse e decidiu buscar as devidas providências contra um ato com o qual não concorda, por se consierar um cidadão honesto e contrário a essa conduta. Uma cópia da gravação foi encaminhada ao Ministério Publico Federal e outras estão à disposição dos interessados em conhecer o teor da conversa.
O JNE teve acesso ao áudio em que o candidato tenta assédiar o eleitor e afirma que eleição se ganha compando votos. E dá vários exemplos de conquistas eleitorais no município que só foram possíveis graças à oferta de vantagens financeiras. Num dos trechos da gravação, Tucura confessa de que forma uma vereadora obteve seu atual mandato: “(…) a Rose deve ter…vamos colocar que a Rose é uma vereadora de 100 votos. Ela foi eleita no restante em dinheiro, que o Natanael era o coordenador”. E continua: “O Cláudio Lins foi dessa forma. O Tino tem 300 votos, o restante é tudo comprado”.
Em seguida, uma revelação estarrecedora: Paulo Tucura põe no rol dos compradores de votos um de seus familiares, o próprio cunhado {Sidnei Fontebasse, conhecido como Cascãozinho}. O candidato a prefeito presta essa informação com a seguinte declaração: “O meu cunhado, você acha que ele ganhou a eleição porque ele tinha todos aqueles votos? É assim que faz hoje um vereador, um cara fera, com trabalho…é tudo na páia”.
Páia é uma forma popularizada de palha, que em muitas regiões brasileiras significa também pagamento, dinheiro, recompensa financeira e similares. Com as revelações de Paulo Tucura e as gravações submetidas a investigação, os eleitores de Ribas do Rio Pardo esperam que a disputa este ano seja travada de maneira livre, democrática e limpa.