Gripe aviária é ameaça para mercado de R$ 1,7 bilhão em MS

O setor da avicultura no Estado foi responsável, em 2022, por movimentar mais de R$ 1,7 bilhão em exportações, e a cadeia produtiva emprega em torno de 50 mil pessoas diretamente. Por conta dessa conjuntura, o risco de a gripe aviária entrar no Brasil por Mato Grosso do Sul gera um alerta econômico e social.

A partir desta quinta-feira (16), uma força-tarefa foi montada na fronteira do Brasil com a Bolívia para tentar bloquear o risco de a doença chegar ao País. Caso seja identificada no território, a provável determinação é eutanásia de toda a produção.

As equipes de monitoramento da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) devem permanecer em esquema de reforço até abril, pelo menos, ou seguir enquanto o país vizinho não divulgar a eliminação da cepa H5N1, que tem se mostrado mais letal.

O registro da influenza aviária na Bolívia ocorreu no município de Sacaba, que fica na província de Cochabamba. A localidade está a cerca de mil quilômetros de Corumbá.

Como a fronteira entre os dois países, no município corumbaense, representa o maior porto seco do Centro-Oeste, o volume de cargas é grande e fundamental para contribuir para a economia sul-mato-grossense.

Por dia, em torno de 400 caminhões fazem o fluxo de importação e exportação. Cerca de mil veículos de passeio transitam pelo posto Esdras, da Receita Federal, todos os dias.

A maior conexão com a Bolívia ocorre com Santa Cruz de la Sierra, mas há tráfego até Cochabamba, o que gera alerta das autoridades brasileiras. Além disso, as aves silvestres estão em período de migração.

O Brasil é uma área internacional sem registro de gripe aviária, o que torna o território favorável para negócios com o exterior. Essa condição aumenta ainda mais o peso na vigilância de fronteira a partir de Mato Grosso do Sul.

O aumento na fiscalização sanitária em Corumbá representa a presença permanente de quatro equipes da Iagro no posto Esdras, além de outra na BR-262, em região chamada de Buraco das Piranhas, onde há uma base da Polícia Militar Ambiental.

Os fiscais fazem avaliação de veículos de passeio que entram no Brasil, também param ônibus e identificam as cargas que estão em processo de importação. Estradas vicinais na fronteira também estão sendo vigiadas.

ADUANA
A reportagem do Correio do Estado esteve na fronteira nesse primeiro dia de trabalho e identificou que dezenas de veículos foram parados. Além disso, foi distribuído para motoristas folheto orientativo sobre a doença.

As medidas mais restritivas, inclusive, geraram filas para quem precisava cruzar a zona fronteiriça.

“Mato Grosso do Sul é importantíssimo para a avicultura no País. A estrutura que temos aqui é bem firmada na sanidade e na prevenção, bem como na biossegurança. A nossa preocupação é [a doença] não entrar no País. Estamos trabalhando hoje em três frentes.

“A primeira é educação sanitária, com orientação aos produtores rurais. A segunda é a vigilância nas propriedades no Pantanal, principalmente onde há identificado a rota migratória [de aves]. Além desse controle que estamos fazendo na fronteira”, explicou o diretor-executivo da Iagro, Cristiano Moreira de Oliveira, que está em Corumbá.

O período de migração das aves é de novembro a abril, por isso é uma época mais crítica e de alerta. Além do caso na Bolívia, que foi confirmado pelo Serviço Nacional de Sanidade Agropecuária e Inocuidade Alimentar (Senasag), há registro também no Uruguai, a cerca de 180 km do Brasil, porém, via Rio Grande do Sul.

Outra ocorrência é na Argentina, na província de Jujuy.

“Fomos cercados pela presença da doença na Venezuela, Colômbia, Bolívia. Para mantermos esse status [de zona livre de gripe aviária], é necessário informar corretamente os produtores rurais e a população em geral sobre a doença e intensificar a fiscalização para barrar a entrada de aves”, afirmou o superintendente federal de Agricultura de Mato Grosso do Sul (SFA-MS), Celso Martins.

Por parte do setor produtivo, a Famasul ressaltou que há um trabalho conjunto com associações para monitoramento.

“O Ministério da Agricultura e Pecuária e o Estado, por meio da Iagro, monitoram a situação que chegou aos países vizinhos. Reforçamos ainda que não há registros de casos no Brasil”.

“A Famasul, em nome dos produtores rurais de MS, em conjunto com as associações do setor avícola, trabalha na conscientização e informação para possíveis medidas técnicas necessárias para o controle e a prevenção da influenza aviária no País”, divulgou, em nota.

Fonte: Correio do Estado