A proporção de trabalhadores em home office voltou a cair no Brasil. Em 2024, cerca de 6,6 milhões de pessoas exerciam suas atividades profissionais em casa, o equivalente a 7,9% dos ocupados. Em 2022, esse percentual era de 8,4%, com mais de 6,7 milhões de pessoas trabalhando no domicílio.
Os dados fazem parte da edição especial da Pnad Contínua, divulgada nesta quarta-feira (19) pelo IBGE, que aponta a segunda queda consecutiva após o pico registrado durante a pandemia. O levantamento considera o universo de 82,9 milhões de trabalhadores, excluindo empregados do setor público e trabalhadores domésticos.
Segundo o analista da pesquisa, William Kratochwill, o IBGE classifica como “trabalho no domicílio” também atividades realizadas em espaços como coworkings. “A pessoa pode dizer que trabalha de casa, mas nem sempre está fisicamente no domicílio”, explica.
Mulheres lideram o home office
As mulheres seguem maioria entre os que trabalham em casa: 61,6% do total. Quando comparada à força de trabalho feminina, a proporção chega a 13%. Entre os homens, apenas 4,9% estavam em home office em 2024.
Apesar do recuo, o IBGE destaca que o trabalho remoto ainda se mantém acima dos níveis pré-pandemia: em 2012 eram 3,6%, e em 2019, 5,8%.
Recuo gera insatisfação
A volta ao presencial tem provocado tensões em algumas empresas. No início do mês, o Nubank anunciou redução gradual do home office, o que, segundo o Sindicato dos Bancários de SP, resultou na demissão de 12 funcionários. Em março, empregados da Petrobras também realizaram paralisação contra mudanças no teletrabalho.
Onde os brasileiros trabalham
A pesquisa detalha a distribuição dos trabalhadores por local predominante de trabalho:
estabelecimento do próprio empreendimento: 59,4%
local designado pelo empregador: 14,2%
fazendas e propriedades rurais: 8,6%
domicílio de residência: 7,9%
veículo automotor: 4,9%
via ou área pública: 2,2%
estabelecimento de outro empreendimento: 1,6%
domicílio do empregador: 0,9%
outros locais: 0,2%
O IBGE também destaca o crescimento do trabalho realizado em veículos automotores, que avançou de 3,7% em 2012 para 4,9% em 2024 — reflexo da expansão de plataformas como Uber, 99 e do aumento de empreendimentos como food trucks. Nesse segmento, as mulheres representam apenas 5,4% dos trabalhadores.

