Localizado há cerca de 35 km de Aquidauana o Assentamento Indaiá, que é dividido em 4 partes, é o cenário da incoerência do poder público que assentou 251 famílias que nutriam o sonho de trabalhar com a terra e dela tirar o sustento da família.
Com cerca de 10 anos de implantação a maioria ainda sofre com a escassez de água, muitos lotes são abastecidos por um caminhão pipa contratado pela prefeitura, mas que em alguns casos deixa famílias por dias sem a reposição de água, outras optaram em compartilhar poços e dividirem as despesas que muitas vezes se torna muito oneroso e desproporcional com o consumo.
Há alguns anos, o Incra anunciou que resolveria o problema da água no local com a perfuração de 2 poços em cada assentamento, perfazendo total de 8 poços, porém apenas 6 foram feitos e nenhum entregue oficialmente por não ter finalizado o projeto que incluía a rede de distribuição e uma caixa d’agua para armazenamento.
O projeto para os dois poços que seriam feitos no Indaiá 4 está ainda na estaca zero, nada foi feito. A rede para a distribuição foi concluída no Indaiá 1, 2 e parte do 3.
Quando viram o sonho indo literalmente por água abaixo, alguns assentados em sistema de consórcio instalaram 2 caixas d’agua de 5 mil litros e dividem a água, mas por ser bem menor que o necessário, não é raro que a falta de água continue.
O descaso com o dinheiro público é tamanho que alguns dos poços que foram feitos, desmoronaram e todo o trabalho e dinheiro investido perdido, isso ocorreu por não ter sido ‘encamisado’ os poços e ficar muito tempo sem que fosse usado, isso contribuiu para o assoreamento.
Com denúncias de improbidade da parte da empresa contratada para fazer os poços, tudo parou, até mesmo a perícia anunciada que seria feita em todos os poços perfurados, até hoje não foi realizada.
Famílias tentam sobreviver plantando hortaliças, frutas e verduras e não é raro encontrar os lotes que são cuidados por muitas mulheres, que cuidam sozinhas das roças de abacaxi, melancia, mandioca, banana, abobora e tantos outros cultivos.
Após 10 anos basta percorrer pelos lotes e constatar que muitas famílias ainda estão como se estivessem acampados, morando em barracos de lona, em precárias situações por não conseguir aferir lucro do trabalho devido falta de água.
Na campanha de 2018, a atual ministra da Agricultura Tereza Cristina, em campanha para a Câmara Federal esteve no local e se comprometeu com a comunidade em sanar o problema até agosto do seguinte ano, ou seja 2019, mas até agora o quadro continua o mesmo.
Muitos trabalhadores já desistiram de viverem da terra e abandonaram os lotes e o sonho de uma vida melhor.
O potencial produtivo do local é enorme, porém a falta de empenho para que todos tenham acesso ao ‘ingrediente’ faz com que se torne em um elefante branco.
E não é só a falta de água que aflige os assentados, o descaso com a regularização de documentos essenciais para a venda e distribuição do que ainda conseguem produzir assola a maioria, falta de assistência da Agraer é outro fator preponderante para que a situação fique cada vez pior.
Muitos morreram e não viram seus projetos brotarem, mas muitos ainda sonham em viver e sustentar suas famílias com o seu trabalho na terra.
É necessário a intervenção do governo estadual e federal urgente para que a situação seja sanada e que o descaso com as 251 famílias assentadas.