Avelino Neto
O juiz da 2ª Vara dos Direitos Difusos, David de Oliveira Gomes Filho, autor da decisão pela manutenção da prisão dos policiais militares acusados de crime de lesões corporais leves contra um adolescente de 15 anos, argumentou em sua decisão, nesta quinta-feira (21), que “a justiça não se faz a qualquer preço”.
O magistrado afirma, ainda, que existem duas versões para os fatos que deram causa à prisão dos policiais. O primeiro, contado pelos suspeitos, relatando que procuravam o adolescente porque ele estava em uma moto cujo condutor não atendeu a ordem de parada, mas depois da suposta fuga, não o encontraram. Teria sido uma surpresa a denúncia de que o maltrataram.
Já o adolescente conta que estava na garupa do veículo que fugiu dos policiais, porém quando estava a pé quatro policiais o encontraram, o levaram para uma casa abandonada e três deles teriam o agredido com socos, chutes, tapas e enforcamentos para que revelasse o paradeiro do “motoqueiro fujão”. Diante da situação o adolescente forneceu o próprio endereço e quando chegaram à casa pediu ajuda aos pais.
O camburão saiu com o adolescente e teria sido perseguido pela mãe e pai do adolescente. Os policiais, no entanto, se desvencilharam da perseguição e, ainda segundo o relato, deixaram-no num local distante. Como não conseguiam encontrar o filho, eles o procuraram no batalhão policial, sem sucesso.
Quando o jovem retornou à residência foi levado à Corregedoria na qual o flagrante foi lavrado. Depois de analisar os fatos o juiz avaliou que a primeira versão não se sustenta e manteve os três aprisionados.
“Que curioso é o destino que coloca três autoridades policiais com elogios numa posição tão delicada como esta por terem, em tese, agredido um jovem de 15 anos de idade e, apesar de tão novo, já envolvido com tantas práticas de atos muito mais do que nocivos”, afirmou.
“Esta situação força o juiz a despir-se de todos os preconceitos e de suas admirações para enxergar não os policiais condecorados ou o adolescente infrator, mas o ser humano que este adolescente representa. Não é possível admitir que qualquer ser humano, seja bom ou seja mal, seja submetido à violência física ou psicológica para a busca de informações de crimes. A justiça não se faz a qualquer preço”, completou.
David fez questão de ressaltar que esta é a primeira impressão de um processo que acabou de começar e garantiu não haver motivos para que os policiais tenham receio de serem condenados injustamente. “Não há motivos para temor dos policiais, pois não é a palavra da vítima que convence, mas as circunstâncias dos fatos em todo o seu conjunto”.
Protesto
Policiais agendaram para esta manhã mais um protesto em apoio aso colegas presos, desta vez diante da Depac- Centro, a delegacia de Pronto Atendimento Comunitário, no centro de Campo Grande. Na quinta-feira a concentração foi pela manhã em frente ao Fórum e no período da tarde em frente ao Presídio Militar Estadual – PME, na saída para Três Lagoas.