A pandemia de Covid-19 ocasionou uma das piores crises econômicas mundial. Para o economista e pesquisador da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), professor doutor Mateus Abrita, a retomada do crescimento é possível com a vacinação em massa.
Com as medidas de distanciamento social, o Brasil enfrentou crises de oferta e demanda, alta do dólar e da inflação e desemprego. De acordo com IBGE, o desemprego saltou para 14,6% no 3º trimestre de 2020 encerrado em setembro, afetando 14,1 milhões de brasileiros, com uma perda de 11,3 milhões de postos de trabalho em 12 meses e com mais da metade da população em idade para trabalhar sem ocupação.
Esse quadro de instabilidade econômica abala um dos pilares da economia: a confiança. O professor Mateus explica que a Confiança é um dos elementos mais importantes para a economia. Empresários necessitam ter confiança nas vendas para produzir e contratar, o consumidor precisa ter confiança que vai ter trabalho e renda para consumir, o investimento em novos empreendimentos está totalmente relacionado com a confiança e previsibilidade para que seja possível um plano de negócios minimamente robusto. “O crescimento de longo prazo está muito relacionado a confiança. Atualmente, temos incertezas no âmbito sanitário, incerteza política, incerteza jurídica, incerteza econômica, incerteza social e tantas outras. Um certo nível de incerteza é inerente à sociedade, contudo parece que elevamos este nível para um patamar ainda mais alto. Isto, somado a diversos outros desafios, pode ser desastroso para o crescimento econômico. Essa incerteza pode ser verificada pela alta expressiva do dólar frente ao real, através dos índices de confiança do consumidor e do empresário e também no âmbito global”, explica Mateus Abrita.
O professor Mateus afirma que a vacinação em massa contribuirá para a retomada de setores que tiveram que reduzir ou suspender o atendimento para não causar aglomerações como comércio varejista, bares e restaurantes. “A vacinação em massa com vacinas seguras e eficazes aprovadas pela vigilância sanitária é fundamental para a retomada da economia de modo sustentado. Toda economia vai ser beneficiada, no sentido que garante o retorno mais seguro ao trabalho e a produção. Também com a redução no nível de incerteza, gradativamente a confiança do consumidor e do empresário tende a ter elevação, o que resulta numa retomada da atividade econômica. Em especial os setores mais beneficiados são aqueles que depende mais do contato, como a economia da cultura, shows, viagens, turismo, ou seja, tudo que dependem de aglomeração e contato tende a ter um grande auxílio. Para se ter uma pequena ideia, só no Rio de Janeiro a estimativa Confederação Nacional do Comércio prevê um tombo de R$ 8 bilhões no movimento de recursos. Imagine o prejuízo com as festas juninas e demais setores que dependem de aglomeração. Por isso, a vacinação em massa é essencial para esses setores retomarem suas atividades de modo mais seguro, enfatiza Mateus.
Nos últimos dias, o Brasil ultrapassou a marca de 220 mil mortos por Covid-19, com hospitais lotados de pacientes. De acordo com o Tesouro, as despesas primárias com a pandemia da Covid-19 totalizaram R$ 539,6 bilhões. “Claro que nesse montante estão diversos outros custos que a pandemia acarretou. Mas para se ter uma ideia, o custo mediano diário de internação crítica adulto com paciente Covid-19 (UTI) foi R$ 2.102 de acordo com estudos de uma empresa de soluções de gestão de saúde (Planisa). Por isso a vacinação é fundamental – de acordo com um relatório publicado (Maccabi Healthcare Services.) – passados três semanas do início da vacinação contra a Covid-19 em Israel, o país já registrou uma queda de 60% nas internações hospitalares de idosos”, demonstra o professor Mateus Abrita.
A situação de instabilidade e retração econômica pode ser amenizada com a contenção da pandemia, que neste momento se apoia na vacinação. “A expectativa do Banco Mundial é de um crescimento em torno de 4% neste ano, isto se ocorrer um cenário mediano. Entretanto, se ocorrer recrudescimento da pandemia e atraso das vacinações essa previsão diminui para algo em torno de 1,6%. Já se ocorrer um controle da pandemia a previsão é alta de 5%. Ou seja, o controle da pandemia e a vacinação em massa está totalmente relacionada com a recuperação econômica. Já um estudo da Oxfam aponta que infelizmente os mais pobres devem levar 14 anos para repor as perdas da pandemia”, conclui Mateus Abrita.
Fonte: Comunicação UEMS