“Como consertar um coração quebrado”. Título de um livro ilustrado por Samuel Melquiades de Oliveira, de 16 anos, vítima do massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, São Paulo, a afirmação prevê 36 páginas de respostas. E, desde a tarde desta quarta-feira (13), passou a representar memória.
No velório do filho, o pai, Gercialdo Melquiades de Oliveira, lembrou da chance que o menino teve de se aproximar do sonho de ser artista plástico. Desenhista talentoso, ele fez as ilustrações da obra, escrita por Adrinao Fonseca, publicada em julho de 2018 pela editora Scortecci.
“Samuel teve a oportunidade de ilustrar um livro para um amigo meu”, contou Gercialdo Melquiades de Oliveira, que recebeu o amigo escritor uma lembrança.
“Meu amigo veio trazer esse bonequinho, que é um personagem dele, então tem um pouquinho dele aqui”, disse ele com a réplica nas mãos.
Na descrição da obra, o autor afirma que o livro “tenta ilustrar a busca de uma criança em consertar seu coração. O coração é muito frágil, e quando quebra é difícil consertar, mas não podemos desistir. Quer descobrir como consertar um coração quebrado? Que tal aprendermos juntos?”
O corpo de Samuel foi o primeiro a ser sepultado, às 16h. O caixão foi levado sob aplausos. Samuel era desbravador da Igreja Adventista do Sétimo Dia e também fez ilustrações religiosas.
Os companheiros desbravadores acompanharam o enterro uniformizados, e balançaram lenços amarelos em homenagem ao menino.
“Foi para a glória de Deus que Samuel morreu. Eu queria nesse momento encontrar as palavras certas para confortar o coração de vocês. É contra as regras da natureza um pai enterrar um filho. Deus está ao lado dos pais nesse momento. Nós o veremos na glória, Samuel”, disse pastor que conduziu a cerimônia.