O delegado titular da Delegacia de Polícia Civil de Anastácio, Antonio Souza Ribas Júnior, falou com o JNE na manhã desta quarta-feira (15) e esclareceu sobre a liberação de Paulo Roberto Marques de Almeida, 31 anos, após ele ser ouvido na noite anterior.

Ele foi preso no final da tarde desta terça-feira (14) pela Polícia Militar, ao tentar furtar pertences do bagageiro de uma motocicleta, sendo flagrado por um policial à paisana. Paulo também é suspeito de roubar mulheres em Aquidauana e Anastácio. Há aproximadamente três meses ocorrências são registradas pelas vítimas, onde com agressividade, o ladrão em uma motocicleta preta, roubava bolsas e celulares. O homem também é suspeito de furtos na região.

Ribas explicou que o homem não foi preso em flagrante já que não foi identificado nenhum objeto como sendo de vítimas em Anastácio. Ainda segundo o delegado, Paulo não cometeu nenhum crime no dia da prisão. Questionado, a autoridade policial esclareceu sobre os objetos fruto de roubos e furtos encontrados na residência do suspeito pela Polícia Militar.

“Mesmo sendo constatado que os produtos encontrados na casa do Paulo são furtados ou roubados, ele é o autor desses crimes que já aconteceram, o que não caracteriza situação de flagrante. Se ele fosse um receptador, ocultando os objetos, ele entraria no flagrante de receptação, como ele é o próprio autor do crime, que continuou com as coisas, não configura flagrante”.

O delegado ainda reforçou que, para manter Paulo Roberto preso, teria que ser flagrante delito, ou mediante uma ordem fundamentada por um Juiz – uma prisão preventiva, temporária ou uma sentença condenatória. Como no caso do ladrão da motocicleta preta não ocorreu nenhuma dessas situações, Ribas explicou que não tinha como mantê-lo preso. “Sem o flagrante, nada pôde ser feito”, justificou.

A autoridade policial reforçou que as investigações sobre os crimes continuam em Aquidauana e Anastácio, e durante essa fase, pode ser sim feito o pedido de representação pela prisão preventiva de Paulo Roberto.

Delegado explicou na manhã desta quarta-feira sobre a liberação do suspeito

Indignação – A liberação do suspeito a princípio gerou revolta por parte da população. Já que o “modo operandi” de Paulo é agir com agressividade na hora de roubar mulheres na região. Mas a advogada Loridane Dias disse à reportagem que foi correta a postura do delegado. “Esse homem infelizmente não ficou preso, porque a única prisão que não depende de ordem judicial é o flagrante. Caso a pessoa não seja pega em flagrante, só cabe prisão temporária ou preventiva, ou seja, prisões que dependem de ordem judicial. Se o delegado tivesse mantido a prisão do Paulo Roberto, ele estaria cometendo ato ilegal”, explicou.

A advogada ainda reforça que não cabe ao delegado de polícia decretar a prisão preventiva, isso é uma atribuição única e exclusiva do juiz. “O que pode ser feito é um dos delegados, no caso de Aquidauana e Anastácio,  representar ao juiz pela preventiva. Caso seja deferido, aí sim Paulo Roberto será preso”, ressaltou.

Violência doméstica – Em junho de 2016, a esposa de Paulo Roberto registrou um boletim de ocorrência, por violência doméstica. Já que no dia do fato, ela havia saído com uma parente, deixando os filhos com a mãe, quando o homem chegou na residência embriagado e alterado, chutando o portão e dizendo “se eu encontrar sua filha, vou dar um tiro nela, vou mata-la”. No mesmo registro consta que a então vítima relatou que, quando estava grávida de seu filho, que hoje está com aproximadamente 1 ano e meio, foi agredida fisicamente pelo esposo, porém não houve registro de ocorrência.

Ainda no registro policial cita que na época, a convivência do casal não era harmônica, por conta do temperamento explosivo de Paulo Roberto.

Sobre o referido caso, o JNE checou junto ao site do Tribunal de Justiça para saber se há algum processo, mas nada foi encontrado, provavelmente a vítima não representou ou ainda está  sob investigação e não tenha virado ação penal.

Veja detalhes da prisão de Paulo Roberto pela Polícia Militar nesta terça-feira (14) aqui.

Moto utilizada por Paulo Roberto para cometer roubos e furtos

Na residência de Paulo foram encontrados diversos aparelhos celulares, carteiras femininas, documentos e cartões de créditos das vítimas

Paulo Roberto sendo conduzido para a Delegacia de Anastácio