“Para ter uma ideia, dados do dia 15 a 17 de setembro, que pedi para o Serviço Médico de Urgência (SAMU), foram 71 acidentes em apenas três dias de levantamento, apenas em Campo Grande, não estou falando do Estado. Desde, 28 eram entre carro e moto. São índices realmente muito altos e é preciso haver uma união de todos no sentido de reduzir esses índices alarmantes em Mato Grosso do Sul”.

Foi com esses números que o propositor do evento, deputado Junior Mochi, começou a audiência pública “Como as escolhas no trânsito impactam a sociedade”, realizada na segunda-feira (18) no Plenário Júlio Maia, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), e que contou com a participação de diversos órgão de segurança e de trânsitos tanto municipal, estadual e federal.

Representando a Santa Casa de Campo Grande, que é o principal hospital que recebe acidentados, o vice-presidente da entidade, Jary Castro, falou sobre a superlotação do hospital e os altos números de acidentes em Campo Grande.

“Sem dúvidas o problema do trânsito é uma epidemia nacional. Campo Grande está em um grau muito avançado, temos em torno de 43% acima da média nacional em número de acidentes. Os acidentes acontecem e desembocam na Santa Casa, então, temos uma superlotação, deixamos de atender outras cirurgias, como a cardíaca que aumentou demais a demanda, por conta de estarmos superlotados por conta dos acidentes”.

‘Campo Grande tem cerca de 43% acima da média nacional em número de acidentes’, disse vice-presidente da Santa Casa, Jary Castro – Rachid Waqued

Além de debater números e soluções, a audiência pública teve a participação de Emilly Stefani de Souza, de 19 anos que falou com muita emoção do acidente que quase tirou a vida de sua mãe, Francielly Ferreira de Souza, quando ia buscá-la na escola em 5 de outubro de 2022.

“Minha mãe estava indo me buscar na escola, mas não apareceu e não me atendia pelo celular. Fui para casa e esperei. Liguei novamente e quem atendeu foi um policial que não sabia me dizer ao certo o que havia acontecido. Minha mãe colidiu com um carro, ficou em coma por um mês e inconsciente por seis meses. Hoje, ela está consciente e luta para ter uma vida normal. Ela teve consequências para a vida dela e eu também tive para a minha”, conta Francielly, que completa.

“Fomos afetados e eu precisei amadurecer com 18 anos necessitando permanecer ao lado dela e ser forte. Ela renasceu, mas precisa voltar a viver novamente, por mais que precisamos passar por situações difíceis eu sei que vai dar tudo certo. Eu sei que não aconteceu só com ela, pois muitas pessoas sofrem acidentes e não tem a oportunidade de lutar ou recomeçar. A responsabilidade é o mais importante, não adianta ter pressa, precisamos ser conscientes no trânsito”.

Evento alusivo à Semana Nacional do Trânsito – Rachid Waqued

O Comandante do Batalhão de Trânsito da Policia Militar (BPMTRAN), tenente-coronel Élcio Almeida, acredita que o problema do trânsito é o comportamento das pessoas e a falta de consciência com o próximo.

“Hoje, vejo que é comportamental das pessoas. Se você vai conduzir, deveria estar atento às regras, respeitar as regras, respeitar o próximo, mas tem pessoas que não respeitam a sinalização e vemos acidentes acontecendo em locais totalmente sinalizados. Estamos verificando que na parte da engenharia da educação e da fiscalização, o papel vem sendo desempenhado, agora depende das pessoas saírem conscientizadas de casa”.

Comandante do Batalhão de Trânsito da Policia Militar (BPMTRAN), tenente-coronel Élcio Almeida – Rachid Waqued

O diretor-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS), Rudel Trindade, relembrou que desde quando chegou no Estado, os índices de acidente de trânsito são alarmantes e a parceria com a Assembleia Legislativa vem de tempos atrás, e sempre com soluções para ajudar o cliente, seja a ter mais segurança no trânsito, seja com que ele quite seus débitos com mais facilidade.

“O Detran-MS já vem trabalhando com a Assembleia faz bastante tempo, nós temos uma parceria, um trabalho conjunto em prol principalmente da regularização dos veículos que estejam com seus impostos atrasado. Parece uma coisa boba, mas isso impacta o trânsito muito”.

Rudel falou, ainda, sobre o comportamento do condutor quando está com documento irregular.

“Quando o cidadão está com seu veículo atrasado, sem licenciamento ou com carteira vencida ele fica mais tenso, tende a ficar nervoso e, consequentemente, tende a desrespeitar mais as leis do trânsito. A Assembleia no ano passado, junto com o Detran-MS, fez um programa de revisão de débitos, perdoamos todas as dívidas de motos de pequena cilindrada desde que o cidadão regularizasse o licenciamento do ano. Isso impactou milhares de pessoas. Então, você traz para um trânsito adequado legal, uma legião de pessoas que estavam andando irregularmente. Sem estrutura e recursos financeiro, não vamos a lugar nenhum. Uma cidade bem sinalizada vai salvar muitas pessoas”.

A audiência pública contou com a participação e presença do comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado, coronel Frederico Reis Pouso Salas, presidente da comissão permanente de Transporte e Trânsito e da comissão permanente de Segurança Pública da Câmara Municipal de Campo Grande, Vereador Coronel Villasanti, superintendente da Polícia Rodoviária Federal, João Paulo Pinheiro Bueno, juiz titular da 9ª Vara do Juizado Especial de Campo Grande, Djailson de Souza e a engenheira mestre em Engenharia Urbana e Ambiental, com especialização em Mortes no Trânsito Visão Zero, Ana Carolina Oliveira Prado.

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