por Renata Andrade
O JNE de hoje (30) encerra o Outubro Rosa com a história de Eva Regina Escobar. Uma linda e animada mulher de 42 anos que luta contra o câncer de mama. No momento em que descobriu o tal carocinho no seio esquerdo, há um ano atrás, não deu muita importância como deveria. Mãe de Pedro Eduardo (10) e João Victor (13), Eva amamentou-os e também doou seu leite materno para outras crianças. “Toda semana tinha bombeiro em minha casa para buscar o leite”, conta. Ela diz que sempre ouviu das campanhas contra o câncer de mama a ausência de risco do tumor em mães que amamentam muito, mas sentiu na pele que não é a grande verdade.
Por causa da separação, mudança de escola dos filhos, de casa, reforma da atual moradia e do comércio que possuía, Eva deixou de se cuidar e dar atenção que precisava para si mesma. “Foi um grande erro. Temos que nos colocar em primeiro lugar”, declara. Ela tem participado de palestras e entrevistas para falar sobre a batalha contra o câncer e nunca deixa de dizer a todas que a prevenção é tudo. “Se fosse naquela época do tal carocinho, eu já estaria tratando inicialmente e talvez tudo se encaminharia para outro destino”, afirma.
Segundo Eva, a doença é silenciosa e sem dores. Após as mudanças em sua vida, foi até o Hospital de Câncer de Barretos, localizado no interior de São Paulo, marcar uma consulta. Lá fez o exame de mamografia. “Foram em minha casa e disseram que eu realmente estava com câncer de mama e que deveria iniciar o tratamento o quanto antes”. Faz 5 meses que Eva está em tratamento. Porém, nesse caminho todo, surgiu uma outra descoberta: ela também está com câncer nos ossos.
A caçula de 8 irmãos diz que no começo foi um baque para ela e para todos da família. Mas hoje em dia lidam melhor com a doença. “Saber que você tem um câncer é terrível, agora outro… Pensei ‘Meu Deus e agora?’”, lembra. Eva afirma ser uma mulher muito alto astral e brincalhona. Tem uma família que a ama e a apoia sempre. “Minha família é maravilhosa. Tenho essa irmã que não me deixa. Ela é minha alegria!”, afirma Eva sobre Beth. Ela contou também que está sendo muito bem assistida pelo Hospital de Câncer Alfredo Abrão de Campo Grande. “Agradeço imensamente os médicos e os enfermeiros de lá. Estou sendo muito bem tratada”. À respeito da retirada total das mamas, ela ainda não pode realizar a cirurgia por causa desse segundo câncer. Agora está realizando dois tratamentos e iniciou a calcificação para os ossos.
Eva diz que hoje ela é outra pessoa. “Eu me amo mais e me cuido mais. Antes era trabalho, marido, filhos. Agora não só eles”, afirma. Atualmente ela continua com a quimioterapia, mas poderá começar a radioterapia, outro procedimento para tratar o câncer. Inicialmente, o tumor na mama estava do tamanho de uma laranja. Eva conta que atualmente, diminuiu para o tamanho de um ameixa. Para fazer a cirurgia dos seios, ele terá que diminuir mais. “Em relação a retirada das mamas, eu estou tranquila. Boto silicone e tudo fica resolvido!”, brinca Eva aos risos.
Na primeira sessão de quimioterapia, perdeu os cabelos compridos que tinha. “Quando fiquei sabendo do câncer de mama, ele estava na metade das costas. Estava lindo! Tinha até comprado um mega hair para deixar mais bonito”. Mas Eva resolveu rápido esse problema. “Liguei na hora para a minha irmã Betinha e pedi para trazer uma máquina de raspar cabelo. Raspou tudo. Fiquei carequinha”, lembra Eva. Pra quem pensa que essa mudança radical a abalou, está enganado. “Isso pra mim é tranquilo. Eu levo numa boa. Guardei meu mega hair! Daqui a 4 meses terei 4 cm de cabelo e poderei colocá-lo de volta”. Eva não perdeu sua vaidade em nenhum momento e abusa de acessórios para a cabeça. Usa lenços e até mesmo perucas para incrementar seu visual. A irmã Betinha, proprietária de um salão de beleza, a presenteou com uma peruca loira cacheada que Eva adora. “Mas eu saio sem nada na cabeça também. Não vejo problema”, afirma.
Os dias que a deixam para baixo são quando faz a quimioterapia. Eva diz que já se acostumou e brinca dizendo que é como um veneninho que entra em seu corpo. “Meus amigos me chamam de ‘cobrinha’”, diz aos risos. Ela diz que a sensação é de um rasgo dentro de seu corpo e por isso a dor do tratamento é grande. Os efeitos também são doloridos. Mal estar, enjoos e febres. A duração da quimioterapia varia de 4h a 5h. Por conta do segundo câncer, a dosagem aumentou.
Em dezembro, Eva completa 43 anos e diz adorar comemorar seu aniversário. “Gosto muito! Fico o mês todo festando. E esse ano curtirei mais ainda”, diz sorridente, mostrando que o câncer não a impediu de se divertir. Atualmente, mora com o filho mais novo em sua própria casa e a sua rotina é toda voltada para ela. “O amanhã é outro dia. Só passar os efeitos da quimio que fico melhor”. Toda semana realiza exames para verificar se está tudo bem. Eva terá que se cuidar pelo resto de sua vida. Mas rodeada de amor e carinho pela família e amigos, e sempre esbanjando alto astral e amor pela vida, Eva terá muito o que viver e contar para todos.
Foto: Renata Andrade