Um grupo de filiados do Partido dos Trabalhadores em Aquidauana tem demonstrado descontentamento com o modo como o diretório municipal do partido tem conduzido reuniões e decisões, além do comportamento da mesa diretora quando questionada sobre assuntos de interesse coletivo. Um exemplo é a escolha dos possíveis candidatos à vereança no município, que já foi feita “a portas fechadas”, mesmo antes de passar pela convenção que irá acontecer na noite desta segunda-feira (05).
Segundo o grupo relatou ao JNE, em reunião feita na noite deste domingo (04), o diretório municipal já fez escolhas “a dedo” por conta própria, de nomes para disputar uma cadeira na Câmara de Vereadores de Aquidauana, em uma reunião apenas com membros da diretoria, onde alguns nem moram mais na cidade e não têm conhecimento sobre os nomes colocados para apreciação.
Um dos filiados, André Kevin Constantino, também militante da causa LGBTQIA+ e representante do povo dos terreiros na região, em nome do grupo, contesta a maneira que o diretório tem conduzido o processo de escolha dentro do partido. “Fizeram uma reunião de portas fechadas e escolheram entre eles os possíveis nomes, pessoas que fazem parte da diretoria, mas nem em Aquidauana moram mais, não têm conhecimento do potencial de cada um, da trajetória de cada um, como vão escolhendo assim, sem passar pela convenção”, questionou.
André Kevin ainda pontuou que foi feita uma reunião com todos os interessados em se candidatar, onde cada um falou de seus projetos, mas após isso, decidiram por conta própria e, segundo ele, por interesses próprios de alguns. “Sabemos que os partidos políticos podem realizar, antes das convenções, as chamadas prévias eleitorais, com o objetivo de conhecer a opinião dos filiados sobre a escolha de candidatos, fazendo um tipo de seleção prévia, que deve ser confirmada pela convenção. Porém não houve prévia e sim já escolheram entre eles, sem a presença dos filiados”.
Marcos Aparecido, que faz parte da diretoria, também não concorda com a postura de alguns membros do diretório. “Quantas vezes eu disse que era necessário lavrar ATA nessas reuniões, mas eu tinha como resposta que não era necessário, que o partido estava abrindo mão desse tipo de burocracia, onde o registro estava sendo feito apenas em situações extremas”, comentou.
O filiado pontua que é um documento de grande importância porque é responsável por registrar todas as informações e decisões tomadas, servindo para consulta sempre que necessário, ainda mais em período eleitoral. O documento precisa ter a anuência de todos os participantes e, sendo assim, ele é assinado por todos os que estão presentes. “Não sei se existe uma orientação geral do partido para a desburocratização deste documento”, ressaltou Marcos.
Já André rebate a informação do diretório, pois falou com o diretório nacional do Partido dos Trabalhadores, em Brasília, e foi informado que é necessário sim todas as reuniões serem lavradas em ATA. Também foi questionado via ofício a situação ao diretório estadual do PT, que como devolutiva apenas informou que era para resolver com o municipal, e que em nenhum momento foi dada essa orientação.
O grupo então decidiu se unir e buscar respostas do diretório. Foi solicitado por escrito cópias das ATAS dessas reuniões, inclusive da que definiu os nomes para candidatura à vereança, sem passar pela convenção, porém, segundo André Kevin, não há devolutiva do presidente do diretório municipal.
Questionado, o presidente do diretório municipal do PT em Aquidauana, Tiago Roda de Oliveira, que também é pré-candidato a vereador, respondeu que a chapa será apresentada em convenção na noite desta segunda-feira (05) e que respeita a paridade de gênero que rege as regras eleitorais e também do partido.