“Foram 15 anos de opressão, de violência”, diz advogado de acusada de matar marido

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Dirléia Patrícia Monteiro Paes, de 38 anos, confessou em depoimento ao delegado titular da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Aquidauana, Eder Oliveira Moraes, na tarde desta terça-feira (05), ter matado o empresário Ivan Júnior Marchezan da Cunha, 55 anos, com uma pancada na cabeça após uma briga do casal na última sexta-feira passada (01). Mas, de acordo com os advogados, ela agiu em legítima defesa para evitar um abuso sexual, que segundo eles, eram constantes.

“Uma mulher banhada pelas lágrimas, relatando uma história de 15 anos de opressão, de todas as formas de violência doméstica, física, psicológica, financeira e até sexual, praticada por um homem de péssima reputação, e como ela mesma disse, cercado por amigos poderosos e mafiosos”, relatou o advogado Juliano Ribeiro Quelho, à imprensa local.

Segundo a defesa, a vítima não aceitava que Dirléia fosse independente financeiramente e no dia do fato tomou conhecimento que a esposa tinha inaugurado uma clínica de reabilitação . “Um homem que sempre viu a mulher como um objeto e que, dentro desse longo histórico de agressão – de todas as formas, no dia do fato, temendo que ela adquirisse a independência financeira, descobriu que ela havia aberto uma clínica, até para tratar do filho excepcional, por conta do que ele fez durante a gravidez, que foi relatado ao delegado, eles tiveram uma discussão em casa, entraram em luta corporal, o corpo dela está repleto de hematomas, ele pegou um objeto indígena chamado tacacá, decorativo na casa, a cutucou na costela, onde há suspeita de fratura, a obrigou a subir pro quarto, queria abusa-la sexualmente, sempre sob constantes ameaças, até que ele deitou na cama para abrir a calça e ela tomou o objeto e o golpeou”.

A filha do empresário contou à polícia em Campo Grande no dia do crime, sobre um suposto sumiço de R$ 200 mil da imobiliária do pai. A defesa de Dirléia nega que a mulher tenha se apossado desse valor e que foi até a empresa apenas pegar alguns documentos. Imagens de câmeras de segurança do local mostram a acusada entrando no estabelecimento do marido por volta das 3 horas da manhã.

A acusada levou com ela dois veículos, um Fusion que está em nome do marido e uma Pajero, em nome dela. “Mas, ambos são bens do casal. Portanto, patrimônio de ambos”, argumentou Juliano Quelho.

O advogado negou que a mulher estivesse escondida em Aquidauana, já que tem parentes na cidade. Após o crime, Dirleia diz ter ido para a casa da mãe em Campo Grande. Ela contou que iria se apresentar nesta terça-feira na Capital, mas acabou indo para o interior. Foi feito exame de corpo de delito, que deu resultado ‘inconclusivo’ para agressões sofridas na noite do crime. Ainda segundo a defesa, ela preferiu se apresentar no interior, já que está muito abalada e quis fugir dos holofotes.

Dirleia concordou em mostrar à imprensa os graves hematomas pelo corpo, que segundo ela, são resultado da briga com o marido. Por enquanto, a mulher responderá pelo crime em liberdade já que passou o período de flagrante.

Caso – O empresário Ivan Junior Marchezan da Cunha, de 55 anos, empresário do ramo de imóveis, morreu depois de ser atingido a pauladas na cabeça.

O crime só foi descoberto pela polícia, depois que policiais acompanhados da filha  de Ivan foram até a residência, na Rua Vicente Solari, na Vila Bandeirantes. Ivan estava sobre uma cama, já sem vida, quando foi encontrado.

 

Dirléia mesmo não falando com a imprensa, autorizou fotos e imagens dos hematomas em seu corpo