Para entender a crise ética que transforma o Brasil de nação do futuro em país do faturo é preciso um certo distanciamento. Que pode começar com a abertura de uma contra secreta na Suíça. Deu-se o inverso, porém, com o ex-presidente da Câmara e ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Sumiu-lhe o tirocínio depois que ele abriu, em 2008, sua conta bancária em Genebra. Guarda um ótimo pé-de-meia: US$ 832,9 mil —coisa de R$ 2,5 milhões. Mas o correntista ilustre alega não ter a mais remota ideia de como essa dinheirama aterrissou na sua conta.
Em notícia veiculada no Globo, o repórter André de Souza informa que o Ministério Público Federal já fez para Henrique Alves o favor de identificar a origem do dinheiro. Trata-se de propina oferecida pela construtora Carioca Engenharia em troca da liberação de verbas do Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), gerido pela Caixa Econômica Federal.
Em função da descoberta, a Procuradoria processa o ex-deputado em Brasília pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Informa nos autos que a propina pingou na conta em três depósitos. Foram feitos em outubro, novembro e dezembro de 2011. A abertura da ação penal não restaurou o discernimento de Henrique Alves.
“É importante ressaltar que a utilização indevida da citada conta bancária e os depósitos mencionados jamais foram de conhecimento do acusado”, escreveram os advogados Marcelo Leal e Luiz Eduardo Ruas do Monte na peça de defesa de Henrique Alves. Alegam que dificuldades burocráticas levaram seu cliente a desistir de movimentar a conta aberta na Suíça.
Para azar de Henrique Alves, o processo corre na 10ª Vara Federal de Brasília. Ali, despacha o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, uma espécie de Sérgio Moro da Capital federal. O doutor não parece afeito a histórias da carochinha. (Uol)