Três internos do IPCG (Instituto Penal de Campo Grande) foram levados para a Defurv (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos) como líderes da quadrilha especializada no golpe do falso frete em Campo Grande. Durante a madrugada desta sexta-feira (1º) três integrantes do grupo foram presos pelo Batalhão de Choque.
Os policiais chegaram ao trio após a prisão de Erickson Velasquez Ferreira, de 29 anos, na Vila Piratininga. O suspeito confessou participação nos crimes e explicou a polícia que os assaltos eram organizados por Mauricio Corrêa de Oliveira, o Salim, um interno do IPCG. Por telefone, o preso “repassava as orientações sobre o destino dos caminhões”.
Ferreira teria contado que Salim era o responsável por ‘contratar’ as vítimas, na sua maioria idosos e de outros Estados. Para isso ele contava com o apoio de Ricardo de Souza, o Cabelo, que também cumpre pena no IPCG e é apontado pela polícia com um dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) em Mato Grosso do Sul.
Um terceiro interno do estabelecimento, Emerson Ferreira, conhecido como Tanaka, também participava da quadrilha e de dentro do presídio ordenava o pagamento de parte do valor combinado com as vítimas para o falso frete, uma maneira de não despertar desconfianças e ‘garantir’ o crime. Todo o esquema era feito pelos internos por celular.
De acordo com o coronel Marcos Poletti, comandante do Batalhão de Choque, cada um dos presos possui mais de 20 condenações por crimes como roubo e sequestro. Também foram presos por envolvimento nos assaltos, Erivelton Cebalho Corrêa, de 21 anos e Jonathan Henrique Ferreira. Todos foram levados para a Defurv.
As prisões
“Com o contínuo registro de falsos fretes passamos a entrevistar as vítimas e percebemos o mesmo modo de agir nos crimes. Assim chegamos ao primeiro suspeito, o Erickson”, explicou o comandante do batalhão. O rapaz foi preso no momento em que chegava a casa de uma tia.
Uma pistola .40, de propriedade de Sejusp, foi apreendida com Ferreira, que levou aos policiais até a casa do segundo integrante da quadrilha, Erivelton, o responsável por fornecer um revólver calibre 38 para quadrilha. Em buscas pelos suspeitos, os policiais também conseguiram localizar e prender Jonathan, que além de participar dos crimes, estava foragido do regime semiaberto.
Modo operandis
As vítimas, em sua maioria de outros estados, eram atraídas pelos bandidos até Campo Grande com propostas de transporte de cargas e até mudanças. Aqui, eles eram rendidos e feitos reféns pelos ‘contratantes’.
Sempre armados, um ou dois integrantes do grupo ficavam responsável por manter as vítimas em cárcere, enquanto os caminhões eram levados para a fronteira do Estado com o Paraguai. Em todos os casos, os proprietários dos veículos eram amordaçados e amarrados e deixados em locais ermos após o crime.
No dia 24 deste mês, um idoso de 62 anos foi mantido refém em uma casa da Rua Otacílio Machado, no Jardim Nhanha. Ao ser resgatado por policiais do Batalhão de Choque, o idoso contou que foi contratado por telefone para fazer um frete de Campo Grande a Rondonópolis (MT), cidade em que mora e teria combinado de encontrar os contratantes na saída para Cuiabá.
Ele buscou os dois homens, que já dentro do veículo anunciaram o assalto. Enquanto um dos suspeitos cuidava da vítima o outro fugiu com o caminhão Volkswagen 8.150, com placa HYB-6989, da vítima.
Na quarta-feira (30), pai e filho, moradores de Goiânia, acabaram vítimas do grupo depois de ser contratados para fazer uma mudança. Eles vieram para Mato Grosso do Sul em dois caminhões e ao chegarem o local foram rendidos por seis bandidos. Eles foram amarrados e depois abandonados na região do lixão.
Fontes: Geisy Garnes e Arlindo Florentino/Midiamax