Os menores de 17 anos suspeitos de terem matado Ronaldo dos Santos Batista, 38 anos, com requintes de crueldade para roubar o veículo da vítima, podem estar nas ruas daqui cinco dias. Isso porque os adolescentes aguardam vagas em uma Unidade Educacional de Internação – UNEI e caso não seja possível a internação, eles serão liberados. Após cinco dias da apreensão, a Polícia Civil é obrigada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente a abrir a porta da cela e colocar os menores na rua.
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, eles têm que ficar em uma cela separada em um prazo máximo de cinco dias, até uma vaga na UNEI ser disponibilizada. Mesmo nos casos dos menores que são liberados por falta de vaga, o processo na Justiça continua e um mandado de busca e apreensão pode ser expedido a qualquer momento, mas daí a polícia tem que tentar encontrar novamente o menor infrator, que foi liberado por falta de vaga.
Mesmo os adolescentes matarem Ronaldo de forma cruel, jogando a vítima amarrada e viva na piscina e ainda por cima jogarem um vaso de plantas de aproximadamente 30 kg sobre ele, sem a chance mínima de sobreviver, podem estar nas ruas em menos de uma semana do crime, motivo de preocupação e revolta para a população de Aquidauana e Anastácio. Sentimento de medo, terror e impunidade por parte dos moradores.
O CRIME E O DESFECHO
Uma cena de filme de terror. Esse foi o cenário encontrado por vigilantes da empresa de segurança e policiais militares na casa que fica na Rua do Expedicionário Candido Gomes, 165, no município de Anastácio na madrugada desta segunda-feira (19). Portas abertas e na piscina o corpo de Ronaldo dos Santos Batista, 38 anos, com os braços e pernas amarrados e um vaso de plantas pesando aproximadamente 30 kg sobre a vítima. O homem é muito conhecido na cidade e é proprietário de um restaurante na Estação Ferroviária de Aquidauana.
Na madrugada o alarme da casa de Ronaldo disparou, o local não possui circuito de imagens, profissionais da empresa de segurança se deslocaram e encontraram o imóvel aberto, acionaram a Polícia Militar do município e se depararam com a vítima já sem vida no fundo da piscina, presa pelo vaso. A Polícia Civil foi acionada e compareceu ao local, solicitando a perícia técnica e a equipe de resgate e salvamento do Corpo de Bombeiros para a retirada da vítima da água. Uma cena triste, praticada com requintes de crueldade.
Equipes do Grupamento Especializado Tático de Ações Motorizadas – GETAM, Rotai, Rádio Patrulhas de Aquidauana e Anastácio do 7º Batalhão de Polícia Militar e a Polícia Civil de Anastácio saíram em busca dos possíveis autores. O carro de Ronaldo não estava no imóvel, uma Saveiro Cross, placas OOJ 3262 placas também de Anastácio, levantando a hipótese de crime de latrocínio, roubo seguido de morte. Policiais das fronteiras também foram acionados, já que não foi descartada a possibilidade do carro ter sido levado para o Paraguai ou Bolívia.
Através de levantamentos equipe do GETAM chegou ao paradeiro dos menores A.L.S e L.M.C.W.M, ambos de 17 anos e moradores do Bairro São Cristovão em Aquidauana, eles confessaram que entregaram o carro de Ronaldo para Walerson Ozorio, 21 anos, morador do Nova Aquidauana. A equipe foi até a casa do jovem e ele disse onde escondeu o carro da vítima. A princípio se surpreendeu com a notícia, já que falou que não encomendou a morte de ninguém. O trabalho realizado pela Coordenadoria de Perícias identificou que as impressões digitadas coletadas no local do crime são compatíveis com um dos menores. A prova da perícia técnica científica é inquestionável segundo os profissionais da área.
Na delegacia Walerson falou com a reportagem do JNE. “Um dos menores ‘abandonou’ o veículo na porta da minha casa. Como eu já tenho passagem pela polícia, tirei o carro de lá”. Questionado sobre não saber de nada, ele disse que teve uma conversa com A.L há um tempo. “Eu mexia com tráfico e comentei com ele que uma saveiro valia R$ 5 mil reais, que eu pagava esse valor, mas essa conversa foi há dois meses aproximadamente, não encomendei nada, fui pego de surpresa”. Versão contestada pela Polícia Civil, já que A.L disse que Walerson encomendou por conta de uma dívida de drogas da vítima.
“Em depoimento o menor A.L disse que Walerson encomendou o carro de Ronaldo, já que este devia dinheiro a ele por conta de drogas, já que, segundo o adolescente, a vítima era usuária e estava em dívida com o maior. Walerson nega essa versão, mas ele tem passagens por tráfico de drogas”, disse o delegado Eder Oliveira Moraes.