Alvo da Operação Extortio (extorsão em latim), desencadeada pela Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado) na segunda-feira (21), quadrilha que tem assaltante e ex-servidor condenado por estelionato como líderes vigiava as vítimas e chegou a exigir R$ 5 milhões para não divulgar supostos dossiês ou informações sobre a vida privada. A polícia identificou quatro personalidades públicas na mira dos chantagistas, mas o número de pessoas ligadas aos alvos chega a 12.

As informações foram dadas pela titular da Deco, delegada Ana Cláudia Medina, em coletiva de imprensa nesta terça-feira (22). Segundo ela, as investigações começaram em fevereiro, quando “um político conhecido no Estado” procurou ajuda.

As “ameaças veladas” começaram a ser enviadas por carta, com texto bem escrito e digitado. Os envelopes chegavam a casa e locais de trabalho desta pessoa e de familiares do alvo principal.

De início, da polícia tentou chegar ao autor das cartas, mas elas eram sempre entregues por um mototaxista que havia pegado a correspondência em local que não tinha qualquer ligação com a quadrilha. Os integrantes do bando deixavam um envelope, já contendo o dinheiro para pagar a corrida, caído em frente a um comércio, por exemplo, e ligava no telefone fixo da loja dizendo que haviam deixando um documento importante cair ali, mas que já haviam enviado um mototaxista para buscá-lo.

Quando perceberam que as ameaças não estavam sendo respondidas, a organização criminosa passou a fazer contato com as vítimas por meio de mensagens pelo celular. O número do telefone, porém, era registrado no nome dos próprios alvos. “No presídio, eles têm acesso a geradores de CPFs”, detalhou a delegada.

Numa terceira tentativa de receber algum dinheiro, a quadrilha passou a fazer contato para “entregar” aos alvos os nomes de quem seriam os líderes do esquema e por último, o grupo tentou também “vender” as informações que haviam coletado sobre o dia a dia e suposto dossiê contra médicos, empresários e políticos a um jornalista “que está preso”, segundo Medina.

Delegada Ana Cláudia Medina durante coletiva de imprensa – Henrique Kawaminami/Campo Grande News

Os “cabeças” – Celso Roberto Costa, de 43 anos, preso pela operação, é interno da Colônia Penal Agroindustrial da Gameleira, onde cumpre pena no regime semiaberto. Conhecido como Mário Covas, ficou conhecido por “vender” casas populares construídas em Campo Grande.

Em outubro de 2012, ele foi condenado a 17 anos de reclusão em regime fechado pelo crime de estelionato. Costa começou a ser investigado no ano anterior, quando ele era assessor do então vereador Vanderlei da Silva Matos, o Vanderlei Cabeludo, e dizia que conseguiria que a pessoa fosse sorteada pela Agehab (Agência Estadual de Habitação) ou Emha (Empresa Municipal de Habitação). Para isso, cobrava entre R$ 300 e R$ 800.

Segundo a denúncia, 11 vítimas foram identificadas e o golpe teria sido aplicado entre 2008 e 2011. Celso Roberto Costa também responde por enriquecimento ilícito e corrupção ativa.

Também foi identificado pela Deco como líder do esquema, Fábio Alves da Silva, conhecido como “Binho”. Ele também já é conhecido da polícia.

Em 2010 foi preso por envolvimento em roubo de malote contendo R$ 95 mil e já havia sido apontado como um dos autores de assalto à agência do banco Sicredi localizada no Ceasa (Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul) em janeiro daquele ano e de uma distribuidora de frios localizada na Rua Brilhante, assaltada duas vezes, em março e junho.

Celso Roberto Costa, conhecido como Mário Covas, já foi condenado por estelionato – Campo Grande News Arquivo

Foram presos ainda a namorada de “Binho”, que não teve o nome revelado pela polícia, e Diego Sirqueira. A mulher trabalha como prostituta, mas segundo a delegada não houve chantagem relacionada a gravação de vídeos ou fotos das vítimas em programas sexuais.

Fonte: Campo Grande News

 

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