O comerciante Miguel Arcanjo Camilo Junior, de 32 anos, acusado de matar a tiros o tio Osvaldo Foglia Júnior, de 47 anos, em julho deste ano disse ter agido para proteger a família. A declaração ocorreu durante audiência realizada nesta segunda-feira (16) na 2ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande.

“Não gostaria que tivesse acontecido. Gostaria que tivesse acabado de forma diferente. Só queria proteger minha esposa e minha filha”, declarou Miguel afirmando ter sido ameaçado de morte durante todo aquele dia.

Segundo Miguel, as ameaças feitas pelo tio estavam relacionadas a cobrança de uma dívida de R$ 150 mil. A dívida não foi contraída pelo acusado, mas por um parceiro comercial dele. Ele teria assinado três cheques no valor de R$ 50 mil esperando receber o valor deste outro homem, como o pagamento não foi realizado ele passou a ser ameaçado.

No dia 16 de julho, Osvaldo Foglia Junior, 47 anos, foi morto a tiros em uma conveniência na Rua Marquês de Lavradio. Ele foi até o local cobrar uma dívida do sobrinho. Os dois acabaram discutindo e Miguel disparou várias vezes contra Osvaldo. Ele morreu na hora.

Logo após o crime, Miguel fugiu em um veículo Chevrolet Camaro, e abandonou o carro no quintal de uma residência no bairro Cristo Redentor. No dia 22 de julho, ele acabou preso pela Polícia Civil.

Dívidas, ameaças e agiotagem – Além de Miguel, prestaram depoimento nesta segunda-feira outras nove pessoas, entre as quais a esposa de Miguel, funcionários dele ou parceiros comerciais. Todos de defesa.

O teor das declarações foi semelhante. Miguel e o tio eram íntimos, faziam negócios juntos e nos últimos meses a relação dos dois tinha estremecido.

Este abalo na relação entre os dois foi causado pela abertura de uma mala de Osvaldo. A bagagem estava sob a responsabilidade do acusado durante uma viagem do tio e foi aberta pela esposa de Miguel.

De acordo com eles, a bolsa estava trancada com cadeado e foi aberta com auxílio de uma faca porque a mulher não sabia de quem era. Dentro, foram encontrados documentos e contratos que indicavam supostas atividades de agiotagem feitas por Osvaldo.

As investigações feitas pela polícia na ocasião apontaram que Miguel atuava como laranja do tio. Durante a audiência desta segunda-feira, ele confirmou que Osvaldo colocava imóveis no nome dele, mas porque tinha dívidas trabalhistas. Ele disse ainda que na ocasião nem sabia que se tratava de crime.

Miguel disse que o tio tinha temperamento explosivo e o estava ameaçando desde a abertura dessa mala, mas a situação piorou quando o pagamento da dívida não foi realizado. “Falou que ia tirar minha família”, declarou.

O crime – Uma pistola 380 foi usada por Miguel para matar o tio. Ele conseguiu a posse da pistola para usar no comércio dele no primeiro semestre deste ano. Segundo ele, a arma ficava no balcão, mas naquele dia estava na cintura porque ele precisava movimentar dinheiro.

Após esta audiência, o juiz responsável pela 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, Aluizio Pereira dos Santos deve fazer as alegações finais e decidir se Miguel será levado à júri popular. Isto deve ocorrer no início do próximo ano.

Fonte: Campo Grande News

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